segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Veraneio

Não se preocupe em pedir desculpas, por que você não entra e fuma todos os meus cigarros – de novo. Toda vez que eu tento não tentar... e quanto tempo faz mesmo? Entra, limpe os pés nos meus sonhos.
Você toma meu tempo como se eu fosse uma revista barata. Quando eu podia estar aprendendo alguma coisa. Bom, você sabe o que quero dizer. Já passei por isso antes, e vou mais uma vez. Você só vem pra me matar, assim, destilando sorrisos amistosos, calculados. Eu os aceito. Não acredito que ainda os permito. Quão estúpida uma pessoa pode ser? Estúpida tanto quanto errada.
Você é aquele último drink que eu jamais deveria ter tomado. É o corpo escondido no baú. O hábito que eu não consigo abandonar. Você é meu segredo estampado na primeira página toda semana. O carro que eu não deveria ter comprado. O trem que eu não deveria ter pego. A música involuntária na cabeça. O corte que faz com que eu esconda meu rosto. A festa que faz com que eu sinta minha idade.
Como um acidente que eu posso prever mas que não posso evitar. Como um avião do qual me alertaram não embarcar. Como um filme ruim, que preciso ver até o final. Como uma traição perdoada antes mesmo de acontecer. Como se eu tivesse que pagar pelo que fiz com alguém. Como se poço tivesse escada. Como uma maçã, sendo pecado insistir.
Ser passional é ser criminoso. Eu cheiro à uma amiga? Então vou dizer, sorte a sua, sermos amigos. Minha sorte, qual é? Você terá de se contentar com menos. Isso, menos que eu.