segunda-feira, 23 de abril de 2007

Disk Pare de Fumar

Eis aqui o cigarro que você fuma todos os dias, logo quando acorda ou quando anda pela rua com a outra mão no bolso; enquanto escreve ou lê um livro; quando os sintomas do stress te alcançam depois de um dia ruim, ou quando muito abalada emocionalmente, e até quando ri num barzinho com os amigos. Se sozinha, eu te sirvo muito bem de companhia, no silêncio que fala, no silêncio que grita, como se fosse sua última saída, sua única opção, quando não resta nada melhor a fazer. Será? Não acredito que prefira mesmo café com leite a café com cigarro. É, eu sou um vício que você não consegue largar, um mau-hábito que te faz mal pra saúde e coração. Te deixo tonta e sem fôlego. Fica mais difícil a cada tragada, não é mesmo? Ainda mais em se tratando de um careta classe A, de sabor peculiar. Se acha muito ousada e esperta ao fumar escondida, mas só depois de jogar fora a bituca, aliviada, e pisar em cima pra apagar, com gosto. Tolinha! À essa altura o meu filtro já absorveu tudo: sua boca, sua saliva, sua pose e a maneira como me segurava entre os dedos. Vai por mim, de que nada adianta mascar um, dois, três chicletes e se embanhar de creme, sendo que meu gosto e meu cheiro não vão sair de você assim tão fácil.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Como se deve ler um livro?

"Primeiramente eu gostaria de enfatizar a interrogação ao final do meu título. Ainda se pudesse responder a pergunta para mim mesma, a resposta se aplicaria somente a mim, e não a você. O único conselho, de fato, que uma pessoa pode dar à outra sobre leitura é o de seguir conselho nenhum, seguir seus instintos próprios, chegar às suas conclusões próprias. Se isso for de comum acordo, então eu me sinto à vontade para expor umas poucas idéias e sugestões, porque assim você não permitirá que elas restrinjam essa independência, que é a qualidade mais importante que um leitor pode possuir.

(...)
Eu às vezez sonho que, quando o Dia do Juízo Final surgir e os grandes conquistadores e advogados e homens de Estado vierem receber suas recompensas - suas coroas, suas láureas, seus nomes cravados indelevelmente no mármore imperecível - o Todo Poderoso se voltará para Pedro e dirá, não sem uma certa inveja quando nos vir com nossos livros embaixo do braço: 'Olhe, estes não precisam recompensa. Não temos nada a lhes dar aqui. Eles amaram ler.' "

(The Common Reader, Virginia Woolf)